Livro reúne catorze contos do autor
Em 31/08/2020 13:27
Atualizado em 31/08/2020 17:47
Notícia
por ABEU
Nos últimos dois séculos, o nome de Edgar Allan Poe (1809-1849) se tornou sinônimo de histórias de mistério, seja o suspense, sejam as narrativas de teor sobrenatural, chegando a flertar com a ficção científica. Altamente inventivo, Poe perscrutou as fronteiras entre a lucidez e a insanidade. Saborosa porta de entrada para a obra do grande mestre da narrativa breve, "Histórias extraordinárias", lançamento da Coleção Clássicos da Literatura Unesp, traz catorze de seus mais célebres textos.
Fascinado pela inventividade, pelo domínio técnico e pelo espírito analítico de Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire, em 1856, foi o primeiro a traduzir para o francês e reunir sob o título de "Histórias extraordinárias" uma seleção de contos fantásticos publicados em diversos periódicos e em diferentes momentos da vida do escritor estadunidense. Desde então, diversas antologias foram lançadas sob essa mesma inscrição. Em comum, as narrativas escolhidas colocam em cena a agonia humana associada ao medo e à morte.
Os dois temas frequentam o cerne desta edição: ora se insinuam em homicídios brutais (“Os assassinatos na rua Morgue”, “O mistério de Marie Rogêt”), ora aparecem como fantasmagorias (“A máscara da morte rubra”) ou alegorizados (“O poço e o pêndulo”). A debilidade física (“A queda da casa de Usher”, “Enterrado vivo”) ou psíquica (“Berenice”) também assume sua faceta aterradora e assombra os personagens. As enfermidades, primas da morte, não raro borram as fronteiras do racional e permitem a intrusão de elementos sobrenaturais (“Ligeia”).
Outra característica dessas histórias é o contraste entre os comportamentos prudentes e os irrefletidos. Se, por um lado, há assassinos (“O gato preto”), presunçosos (“O barril de Amontillado”) e obsessivos (“O retrato oval”), tipos que cedem aos impulsos irracionais, por outro lado, existem figuras sensatas, que operam com a benevolência (“Eleonora”) ou a lógica (“A carta roubada”). O tema do duplo também é recorrente nessas narrativas: a identidade dos personagens raramente é unificada, e a dualidade marca a todos, inclusive flertando com o sobrenatural (“Morella”).
Confira o lançamento no site da Editora Unesp.