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Livro da Editora UFRJ mostra acolhidas e atritos de se imigrar para o Brasil

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A Editora UFRJ lança “Irmãos de além-mar? Portugueses e a imigração no Brasil”, livro no qual o pesquisador Mario Luis Grangeia responde como o maior grupo de imigrantes fixados no Brasil retratou a vida aqui. A obra terá lançamento no Rio de Janeiro, em 13 de setembro, na Livraria Travessa de Botafogo, com bate-papo a jornalista e escritora Consuelo Dieguez, e também contará com um lançamento em São Paulo, em 16 de setembro, na Universidade Mackenzie, durante o IX Colóquio Internacional Portugueses de Papel.

O título traz relatos de escritores e de empreendedores que situam seu deslocamento (definitivo ou provisório) em meio a forças econômicas, direitos e redes migratórias e formam um painel de percepções que oscilam da acolhida ao atrito. Em vez do português colonizador, a atenção se volta ao imigrante português, que lidou com tantos desafios nos países de origem e de destino.

Imagens dessa cisão de vidas foram captadas na literatura portuguesa e em entrevistas com um grupo icônico: “portugueses de padarias”. A imigração lusa respondia por 1/3 dos estrangeiros vivendo no Brasil em 2000 e foi retratada por escritores como escravatura, sorte, mal necessário, maturação, miragem, alma dividida, espera e reinvenção. Os dez autores abordados no livro, com olhares à vida no Brasil, incluem nomes como Ferreira de Castro e Miguel Torga.

Empreendedores entrevistados como imigrantes pós-1950 atribuíram quatro significados à imigração: reencontro, para famílias divididas e reaproximadas; resistência, a quem vislumbrou uma rota para fugir do arbítrio nos anos Salazar; investimento, recorrente entre quem viajou na busca de ascensão social, mais rara em Portugal; e reinvenção. Os capítulos em que Grangeia escreve sobre portugueses estabelecidos há décadas, trata ainda das memórias de dois ícones lusos aqui – Ruth Escobar e Roberto Leal – e de dois autores ilustres em Portugal: Leonor Xavier e Carlos Fino.

Por fim, o autor se indaga se é válida, à luz de sua abordagem neste livro, a referência feita nos dois lados do oceano a portugueses e brasileiros como “irmãos d’além-mar”. Diante dessa indagação, Grangeia se diz mais dado a perguntas abertas que a respostas fechadas e convida leitores a rever este percurso que atravessou águas e dois séculos.

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