Voz do Editor …

Voz do Editor – Entrevista com o diretor da Editora UFRGS, Alex Niche Teixeira

Recentemente, a ABEU passou por pequenas mudanças no quadro da sua Diretoria. Agora, quem está à frente da Diretoria da Região Sul em nossa Associação é o professor Alex Niche Teixeira, que também é diretor da Editora da UFRGS. Por isso, resolvemos apresenta-lo colocando em pauta suas ideias e opiniões na coluna A Voz do Editor. Teixeira, que é graduado em Ciências Sociais, além de possuir mestrado e doutorado em Sociologia pela UFRGS, atua como Professor Adjunto do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia na mesma instituição. Na conversa, ele fala sobre suas ideias para a difusão da produção universitária no Sul do país e traz sugestões para o fomento à leitura.

1.  Prof. Alex, após um pequeno remanejamento na Diretoria da ABEU, você acabou por assumir recentemente o posto de Diretor da Região Sul. Como você avalia que a Associação pode ajudar na aproximação e difusão da produção das editoras universitárias sulistas?

A indicação à Diretoria da ABEU Sul foi bem recente, de modo que houve pouco tempo para implementar qualquer ação regional junto aos associados. De todo modo, a Associação pode contribuir a partir dos movimentos que já tem feito no sentido de mediar a participação em feiras e eventos regionais, bem como nacionais, e também a partir de atividades de intercâmbio e formação como os encontros do “ABEU Técnico”. No ano passado, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, ainda sob a coordenação da Profª Suzete Bornatto da Editora da UFPR, realizamos uma atividade em que fornecedores de serviços de controle de vendas e estoque apresentaram seus produtos e os associados presentes puderam conhecer e tirar dúvidas sobre funcionalidades, formas de implementação, dimensionar a relação custo-benefício entre outros aspectos, diretamente com os desenvolvedores. Pretendemos repetir algo nestes moldes ainda este ano a partir de consulta pelo interesse e disponibilidade das editoras do Sul.

2. O Sul possui uma longa tradição de feiras e eventos literários e isso sempre contribuiu para a difusão da leitura nos estados da região. Que outras ações você considera válidas para ampliar o acesso ao livro?

Pensando a ponta do processo, acredito que um bom caminho de fato são as Feiras dentro das instituições de ensino, aproveitando eventos científicos e outras atividades, mas também com estandes conjuntos como tem promovido a ABEU, principalmente para as Editoras com menos recursos para divulgação e deslocamentos de sua estrutura para fora de sua cidade sede. No toca à produção dos livros, isto é, para que possamos seguir oferecendo obras nestes espaços e eventos, penso que as co-edições são um bom caminho, particularmente no cenário atual de restrições orçamentárias de toda ordem, pois permitem dividir os custos do processo, privilegiando as disponibilidades técnicas e de pessoal de cada parceiro, viabilizando assim edições que de outro modo seriam muito postergadas ou até mesmo abandonadas. Cooperar é da natureza da edição universitária. Não faz sentido nos tratarmos como concorrentes. Certamente há entraves procedimentais que precisam ser dirimidos, como a anuência dos respectivos Conselhos Editoriais, mas também jurídicos, particularmente quando envolvemos instituições de diferentes naturezas jurídicas, como é o caso das editoras de universidade públicas e privadas (confessionais ou laicas, comunitárias ou não e ainda fundações). Ainda assim, respeitando estes contornos administrativos ou mesmo trilhando o árduo caminho das comissões internas, procuradorias, departamentos jurídicos entre outros, é possível e necessário reforçar o sentido da publicação no âmbito universidade. A cooperação ainda pode e deve se dar em outras etapas do circuito do livro, como a distribuição. 

3. Por fim, como diretor também da Editora da UFRGS, quais projetos futuros para a editora você pode adiantar que deverão acontecer ainda este ano?

Em que pese as dificuldades orçamentárias e a instabilidade política vivenciadas por todos e especialmente pelas Universidades Federais, o ano de 2016 vem sendo muito importante no que toca à renovação e reestruturação do quadro funcional da Editora da UFRGS, o que, por consequência, permitiu redesenhar processos e abrir espaço para novas áreas de atuação. Foram designadas novas chefias e criados novos enquadramentos funcionais como a Secretaria Editorial e a inclusão de um profissional de Relações Públicas que estará à frente dos trabalhos de divulgação. Até o final do ano o processo estará concluído e teremos renovado cerca de 30% do quadro.  

Ainda até dezembro de 2016 vamos entrar definitivamente no mundo do livro digital. Isto será viabilizado buscando o ingresso na plataforma SciELO Livros, mas também por meio da sistematização da produção bibliográfica em formato eletrônico a partir do Repositório Digital da UFRGS, o LUME, que vem sendo considerado um dos mais importantes da América Latina. A ideia é trabalhar em formato e política similar àqueles que com sucesso vem fazendo a EdUFBA, o que indica privilegiar o acesso aberto. Entretanto, por ser o passo inicial, começaremos com os livros de uma Série (Ensino, Aprendizagem e Tecnologias) como projeto-piloto e gradativamente passaremos a colocar os títulos de outras Séries, bem como os livros do restante do catálogo. Os formatos serão ePub e PDF, seguindo os movimentos recentes que indicam a necessidade de deixar para o usuário escolher a apresentação que preferir, dependendo de seu acesso e conhecimento de softwares leitores e plataformas. Isto certamente produzirá uma demanda hoje represada pela edição livros digitais, mas é algo para o que viemos nos preparando nos últimos meses. Esta preparação envolve também o trabalho já em fase final de remodelação do portal da Editora da UFRGS na internet, assim como da Loja Virtual de forma a refletir tanto as mudanças institucionais como a disponibilidade dos novos formatos de livros para download.



Compartilhe esta Publicação: