Voz do Técnico Entrevista com Cristiana Negrão
Tudo o que você gostaria de saber sobre como participar e deixar uma marca nas feiras do livro internacionais está na coluna A Voz do Técnico desta semana. Afinal, conversamos com Cristiana Negrão, que possui mais de 20 anos de atuação no mercado editorial nacional e internacional, vendendo direitos para editoras brasileiras nos principais eventos livreiros do mundo. Graduada em Letras pela Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Cristiana já foi editora-chefe da Editora Canção Nova e editora das Edições Loyola. Passou, então, a ser consultora de promoção comercial do Brazilian Publishers, projeto setorial de fomento às exportações de conteúdo editorial brasileiro, resultado da parceria firmada entre a Câmara Brasileira do Livro e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Atualmente, atua dando consultoria para editoras que realizam incursões no mercado de compra e venda de direitos autorais. Na entrevista, Cristiana fala bastante sobre sua experiência e dá dicas valiosas para os editores brasileiros.
1. Você reuniu bastante experiência atuando em feiras do livro internacionais, com maior destaque para a de Frankfurt, mais conhecida pelos negócios entre editoras para aquisição de direitos autorais. Então, primeiramente, gostaria que contasse como se deu sua aproximação das editoras universitárias, no contexto dos eventos do mercado editorial.
Atuo há mais de 22 anos no mercado editorial internacional vendendo direitos para editoras brasileiras nas Feiras de Livro de Frankfurt, Guadalajara, Londres, Bolonha, Pequim e Seul.
Em 2012/2013, como profissional free-lancer contratada pelo Brazilian Publishers, iniciativa da Apex e Câmara Brasileira do Livro, fui responsável pela preparação de 88 editores brasileiros que participaram pela primeira vez da Feira de Frankfurt, onde o Brasil foi o país homenageado e apresentou sua produção editorial ao mundo.
Já no ano de 2012, a Abeu teve um espaço diferenciado no estande coletivo do Brasil na Feira de Frankfurt e pode começar a apresentar o conteúdo editorial dos seus associados, o que se repetiu em 2013.
Esse foi o momento da minha aproximação com as editoras universitárias associadas à Abeu quando fiquei convencida do potencial exportável das obras acadêmicas brasileiras.
Em maio de 2014, fui então convidada pela Abeu para coordenar a participação da entidade na Feira de Frankfurt 2014 com estande individual na área das editoras universitárias latino-americanas.
Em julho, organizamos um workshop com o passo-o-passo e todas as orientações necessárias para uma preparação e participação efetiva e bem sucedida de cada associado. Deste workshop participaram 12 associados que receberam algumas importantes orientações e também um manual de participação na Feira de Frankfurt.
Em maio de 2015, durante o Congresso da Abeu em Santa Maria/RS, repetimos o workshop para os associados interessados na internacionalização do catálogo.
Para 2013 e 2014, foi produzido, para apresentação na Feira de Frankfurt, um catálogo de Foreign Rights dos associados da Abeu com releases em inglês de obras potencialmente exportáveis.
2. A ABEU possui mais de 100 editoras associadas, logo, é bastante difícil falar a respeito dos livros publicados por todas. Mas, em geral, você avalia que o catálogo das editoras universitárias é passível de despertar o interesse de editores estrangeiros?
Sim, estou segura da relevância do conhecimento acadêmico brasileiro e que as editoras universitárias associadas à Abeu possuem autores e conteúdos reconhecidos internacionalmente em áreas que podem despertar o interesse de publicação por parceiros internacionais.
Antes de cada workshop que ministrei para os associados da Abeu interessados em participar da Feira de Frankfurt, tive a oportunidade de estudar detalhadamente cada catálogo e identificar potenciais títulos exportáveis e passíveis de interesse pelos editores internacionais.
3. Por fim, qual o caminho para que uma editora universitária brasileira venda seus direitos autorais para ter um livro publicado em outro país?
O caminho para que uma editora universitária brasileira venda direitos de suas obras nacionais para uma editora estrangeira é muito simples:
- Participações ativas em feiras internacionais do livro como Frankfurt, Londres e Guadalajara;
- Um catálogo de Foreign Rights bem traduzido para o inglês e/ou espanhol com autores e conteúdos locais, globais, universais e/ou generalistas de determinadas áreas com relevância e reconhecidos internacionalmente;
- Uma boa, consistente e proativa agenda de reuniões com potenciais parceiros que apresentam afinidades editoriais e podem ter interesse nos seus títulos (e/ou interesse em troca de direitos), e;
- Um follow-up imediato pós-feira com tudo que foi discutido na reunião e acompanhado de 3 em 3 meses.